Anatomia dos Cosméticos: Alisamento Capilar
Nossa editora tem acompanhado e relembra: ele já foi moda e reinou de forma quase absoluta, perdeu espaço para os cachos definidos e o messy hair, e tem gente jurando que voltará com tudo no próximo verão. É isso mesmo, por conta de desfiles de moda e das celebridades em tapetes vermelhos, muita gente acha que as chapinhas e os alisamentos podem voltar com tudo!
A razão mais comum apontada por quem escolhe o alisamento é suavizar ou eliminar os cachos dos cabelos sem perder tempo ajeitando-os toda vez que lava o cabelo.
O alisamento químico capilar envolve um processo no qual a estrutura básica do cabelo excessivamente encaracolado ou ondulado é alterada em definitivo, deixando-o totalmente liso.
Diferença entre alisamento e relaxamento
Tanto o alisamento quanto o relaxamento irão alterar a estrutura química dos cabelos, mas há diferenças:
- quando alisado o cabelo que passou pelo processo ficará permanentemente liso;
- enquanto no cabelo relaxado as ondas dos cabelos ficarão mais suaves e num prazo de 8 a 10 semanas poderão voltar a forma mais próxima da orginal.
Nos dois método utiliza-se insumos que têm na sua composição matérias-primas que irritam a pele e que podem causar queimaduras no couro cabeludo, além de levar à quebra e à queda de cabelo.
Isso ocorre porque esses produtos atuam numa faixa de pH alcalina (acima de 12,0), pois é necessário que as cutículas dos cabelos abram para que ocorra a quebra das ligações químicas do cabelo, que assim alisam ou relaxam , reduzindo o volume dos cabelos.
Tipos de alisantes
Existem três tipos básicos de alisantes: hidróxido de sódio e hidróxido de guanidina, e tioglicolato de amónio.
Hidróxido de sódio
Hidróxido de sódio é o mais forte dos três ativos com o resultado mais intenso. É um produto químico cáustico que alisa permanentemente as fibras capilares.
Quando aplicado faz com que o cabelo inche ao imediatamente. À medida que a solução de hidróxido de sódio é aplicada ao cabelo, ela penetra na camada cortical e rompendo as ligações de enxofre.
A camada cortical é realmente a camada interna da fibra capilar, ela que fornece a força, elasticidade e a forma do fio.
Dependendo de vários fatores e da condição do cabelo a ser alisado, a solução de hidróxido de sódio pode variar de 5 a 10 por cento. A faixa de pH pode variar de 10 a 14. Quanto maior for a resistência do hidróxido de sódio, maior será o pH e mais rápido o alisamento, esse método é indicado para cabelos com textura a partir de 3C.
Entenda essas siglas e descubra a textura do seu cabelo: aqui.
O hidróxido de sódio contém um teor alcalino elevado, por isso, deve-se ter especial cuidado ao aplicar este produto químico, para evitar queimaduras no couro cabeludo.
Além do hidróxido de sódio, os outros álcalis que podem ser usados para alisamento são hidróxido de lítio, hidróxido de potássio e hidróxido de cálcio, com o mesmo mecanismo de ação.
Hidróxido de Guanidina
O hidróxido de guanidina é referido como relaxante e ele tende a ser menos prejudicial aos cabelos do que os alisantes com hidróxidos. Mas mesmo sendo mais suave, o produto ainda pode causar danos aos cabelos no entanto, ainda pode fazer alguns danos ao cabelo. Pode definitivamente ressecar os fios.
Os relaxantes com hidróxido de guanidina geralmente requerem tratamentos de hidratação antes e depois do procedimento. A guanidina sozinha não relaxa os cabelos é necessário um ativador com hidróxido de cálcio, formando carbonato de guanidina.
Tioglicolato de amónio
O tioglicolato de amónio é relaxante muito mais suave dos que os hidróxidos e até a guanidina. Sua ação é um pouco diferente, suavizando e relaxando o cabelo excessivamente encaracolado através de mudanças na ligação cistina do cabelo.
Você sabia que o cheiro estranho quando o cabelo está sendo alisado não é causado pelo produto e sim pela quebra das ligações de enxofre presente nos fios dos cabelos?
O tioglicolato trabalha com os mesmos princípios de formulação que as das permanentes, o princípio ativo quebra a ligação de enxofre dos fios facilitando a modelação do fio, enrolando no caso da permanente, ou alisando quando usado para relaxamento.
Com o pH na faixa de 9-9,5, estes também são considerados como sendo menos prejudiciais, mas ainda requerem um passo de neutralização. Os relaxantes de tioglicolato são usualmente na forma de creme ou gel e podem ser precedidos por uma hidratação.
Uma vez que os relaxantes com tioglicolato são considerados muito mais suaves, o risco de danos no cabelo também é reduzido em comparação com o hidróxido de sódio. Entretanto a sua potência de alisamento é mais reduzida.
E a escova progressiva?
Caso você tenha observado a imagem acima sobre os pHs notou que a escova progressiva está do lado dos ácidos e não dos básicos como aos ativos alizantes e relaxantes.
A escova progressiva utiliza baixos pHs e altas temperaturas para modelar os fios, por isso a necessidade do uso de chapinhas com temperaturas acima dos 190ºC.
O ativo da escova progressiva é formaldeído ou produtos correlatos, eles são moléculas muito pequenas que interagem rapidamente nos cabelos. Aos aldeídos reticulam os aminoácidos da fibra capilar. Depois que a fibra de cabelo é esticada e aquecida com secadores e chapinhas em altas temperaturas, a fibra capilar vai alisando por um período de 8 a 10 semanas.
Lembrando que o uso do formol como alisante capilar NÃO é permitido pela Anvisa, pois esse desvio de uso pode causar sérios danos ao usuário do produto e ao profissional que aplica o produto, tais como: irritação, coceira, queimadura, inchaço, descamação e vermelhidão do couro cabeludo, queda do cabelo, ardência e lacrimejamento dos olhos, falta de ar, tosse, dor de cabeça, ardência e coceira no nariz, devido ao contato direto com a pele ou com vapor.
Orientações da ANVISA com relação aos alisantes:
- Não utilize produtos sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA, pois eles podem conter substâncias proibidas, ou de uso restrito, em condições e concentrações inadequadas ou não permitidas, acarretando riscos à saúde.
- Os produtos importados também são registrados obrigatoriamente na Anvisa.
- Leia cuidadosamente as instruções na embalagem do produto verificandoprincipalmente: número de registro na Anvisa, prazo de validade, nome do fabricante, advertências, restrições e modo de uso.
- Leia todo o folheto explicativo que acompanha o produto, o qual deve conter as informações a seguir:
- Não aplicar se o couro cabeludo estiver irritado ou lesionado;
- Usar somente para o fim a que se destina, sendo perigoso para qualquer outro uso;
- Evitar contato com os olhos. Em caso de contato com os olhos enxágue abundantemente com água e consulte um médico, pois o produto pode causar cegueira;
- Manter fora do alcance das crianças.
- Caso haja alguma reação durante a aplicação do produto, interrompa o uso e lave os cabelos imediatamente com água corrente.
De olho no rótulo
Antes de comprar ou usar um alisante, o consumidor e o profissional devem conferir no rótulo do produto o número de registro na Anvisa/MS, que se inicia com o dígito 2 e pode ter 9 ou 13 dígitos.
Exemplo: M.S. (ou ANVS) 2.XXXX.XXXX ou 2.XXXX.XXXX.XXX-X.
O que deve constar num rótulo de um cosmético, leia aqui.
Para confirmar se o produto está registrado regularmente, consulte o site daANVISA: www.anvisa.gov.br, acessando o menu: Serviços/Consultas a Banco de Dados/Cosméticos e realize uma pesquisa.