Anatomia dos Cosméticos – Repelentes de insetos
Um perfume inebriante de ácido lático, octenol, compostos que nossa pele produz, combinados com a transpiração e o dióxido de carbono que expelimos é o que atraí os mosquitos para picar as pessoas.
De acordo com pesquisa publicada na revista Nature, o mosquito transmissor da dengue e febre amarela antigamente picava animais selvagens mas, há alguns milhares de anos, o inseto evoluiu e aprendeu a reconhecer no cheiro do homem como uma fonte de alimento.
Além da inteligência evolutiva, o mosquito Aedes aegypti, é um grande perigo para a população, pois ele é vetor de doenças virais com Dengue, Zika virus e Chikungunya.
Só nas primeiras semanas de 2016 houve um crescimento de 48% dos casos de dengue, com mais de 70mil ocorrências registradas, comparado com o mesmo período em 2015.
Portanto, usar repelente é uma condição básica!
Os repelentes não matam os mosquitos, mas bloqueiam seus sensores, impedindo que eles percebam a presença das pessoas.
Legislação Brasileira
Para um cosmético ser rotulado com repelente de insetos é necessário que ele seja testado para que a eficiência seja comprovada, de acordo com a Resolução RDC No 19, de 10 de abril de 2013 estabelecida pela Anvisa. Para a obtenção do registro de repelentes de insetos, as empresas deverão cumprir os requisitos para comprovação de segurança de produtos cosméticos repelentes de insetos, a empresa deverá apresentar, os estudos realizados no produto acabado, com os resultados de: irritação cutânea primária e acumulada; sensibilização cutânea; e fotossensibilização, além dos estudos de eficácia do produto, efetuados de acordo com as diretrizes da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América (EPA), da Organização Mundial de Saúde (OMS) ou outras metodologias validadas e reconhecidas internacionalmente.
Como o teste é realizado
De acordo com o artigo do site Cosmetica em Foco, em um laboratório de entomologia (ciência que estuda os insetos sob todos os seus aspectos e relações com o homem, as plantas, os animais e o meio-ambiente), o teste é realizado com insetos criados em cativeiro para garantir que nenhum voluntário da pesquisa seja contaminado com possíveis doenças que poderiam ser transmitidas por insetos infectados do ambiente natural. Os participantes da pesquisa aplicam o repelente em quantidade padronizada e colocam seus braços em uma câmara contendo uma quantidade também padronizada de insetos. Como critério da avaliação da eficácia, os mosquitos não podem sequer pousar no antebraço do voluntário ou o produto é considerado reprovado.
Repelentes
Os mosquitos podem ser considerados como agulhas infectadas, afetando a vida das pessoas de diversas formas, pessoal, social e econômico, a indústria farmacêutica ainda está em busca de uma vacina eficiente, por isso o uso de repelentes é uma alternativa importante.
Apesar da massiva campanha do ministério da saúde e da imprensa ainda existe muito desconhecimento por parte da população sobre qual é o princípio ativo e a forma de ação de um repelente, por isso vamos falar sobre os ativos mais conhecidos para repelência de insetos, disponíveis no mercado com eficácia comprovada e aprovada pela ANVISA.
DEET
DEET, Dimethyl Toluamide, foi desenvolvido pelo exército americano em 1946, registrado para uso em 1957, vem sendo usado em larga escala como ingrediente dotado de atividade repelente de insetos.
O DEET afeta receptores de mosquitos, impedindo-os de detectar pessoas. Seu efeito colateral mais comum é a erupção cutânea (pequenas bolinhas) se usado em altas concentrações. Apesar da desconfiança de muitas pessoas, o DEET não demonstrou ser cancerígeno e pode ser usado em mulheres grávida, pois não causa efeitos no bebê. As crianças são mais sensíveis, o uso é permitido em crianças de 2 a 12 anos de idade, desde que a concentração não seja superior a 10%, restrita a apenas 3 (três) aplicações diárias, evitando-se o uso prolongado.
Houve casos raros de convulsões, principalmente após a ingestão de DEET. Beber álcool também pode aumentar a absorção.
O DEET não deve ser aplicado sob a roupa, principalmente em tecido sintéticos, pois pode derreter.
Produtos disponíveis no mercado: Autan (Ceras Johnson, 6 a 9%), OFF! (Ceras Johnson, 6 a 14%), Repelex (Reckitt Benckiser, 6 a 14%).
Icaridina
Icaridina, Hydroxyethyl Isobutyl Piperidine Carboxylate, também conhecida por Picaridina ou KBR 3023, foi desenvolvido nos anos 1980, derivado de um princípio ativo encontrado em plantas que produzem pimenta preta. Ele também funciona bloqueando o odor corporal, é eficaz contra mosquitos, moscas, carrapatos, pulgas e bichos-de-pé. O efeito colateral da Icaridina é a irritação da pele; além de ser tóxico para peixes.
A Icaridina possui ação de longa duração no combate aos insetos, quando encontrada na concentração ideal: entre 20 e 25%. Nessas concentrações, o produto protege as pessoas por até 10 horas, ou a cada cinco horas, caso a temperatura seja superior a 30°C. Pode ser usado inclusive em grávidas e em crianças a partir dos 2 anos.
Estudos comprovam que a Icaridina tem a mesma performance do DEET, com a vantagem de ter um cheiro agradável, não é oleoso, e é compatível com plásticos e tecidos sintéticos.
Produtos disponíveis no mercado: Exposis (Osler, 25 a 50%), Sunlau (Henlau Química, 20%), Luvex Gold Repelente de insetos (Luvex – não informa concentração).
IR3535
IR3535, Ethyl Butylacetylaminopropionate, desenvolvido nos anos 70, tem sido utilizado como repelente de insetos na Europa há 20 anos, sem efeitos colaterais listados. Os testes de toxicidade mostram que o IR3535 não é nocivo quando ingerido, inalado ou em contato com a pele. Esse é o único repelente de insetos liberado para ser aplicado em bebês a partir dos seis meses. Mais de 30 anos de pesquisas e uso provaram que a substância do IR3535 apresenta alta segurança e não agride a pele, inclusive de pessoas com sensibilidade.
Produto disponível no mercado: Johnson’s baby Loção Antimosquito (Johnson’s, 12,5%)
Naturais
Geralmente quando estão presentes num repelente de insetos, estão em associação a um repelente sintético, como os que foram listado anteriormente.
Os inseticidas naturais à base de citronela, andiroba e óleo de cravo, como são altamente voláteis (evaporam rapidamente) e seu efeito costuma ser de curta duração, não garantem proteção adequada ao Aedes aegypti, se usados isoladamente.
Vitamina B
De acordo com a Anvisa, a ingestão de vitamina B não possui a comprovação de eficácia como repelente para mosquitos.
Bebês até seis meses
É recomendado somente proteção física, não deve ser aplicado repelente. Isole a pele com óleo infantil, que ajuda a evitar que o mosquito identifique o cheiro do suor do bebê. O ideal é deixar a pele oleosa. Use telas de proteção na janela e mantenha ambientes fechados.
Em locais com alta incidência de casos de contaminação, o ideal é consultar um pediatra para outras recomendações.
Repelente não mata mosquito
Os mosquitos não podem morrer com o repelente, pois se isso acontecesse provavelmente o produto também seria tóxico para o usuário.
Por isso a recomendação das autoridades sanitárias é, sempre, seguir as orientações do Ministério da Saúde (MS) para eliminar os criadouros do mosquito, evitando depósitos de água limpa e parada.
Parabéns pela matéria; rica em informação é muito bem redigida.
Obrigada!
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