Indicação de livro: Uma história da beleza e da feiúra
Quem ama o belo bonito lhe parece, diz o ditado. Pois a beleza e a feiúra sempre foram relativas até que a globalização (e não falo da econômica, mas da globalização dos conceitos eurocêntricos que aconteceu com o Iluminismo, as viagens além mar e a imprensa) fez com que conceitos regionais se tornassem mundiais.
Quer um exemplo?
No extremo oriente o normal é ser mais delicado de corpo, ter cabelos escuros e lisos, pele amarelada ou amorenada.
Na África e Ásia Central a pele morena ou negra prevalecia, bem como os corpos com musculatura forte e avantajada (aliás, vamos combinar, os mais bonitos do Globo em termos de evolução física).
Na Europa ser mais corpulento, de pele muito clara, olhos claros… e o que está certo? Nenhum ou todos!
A reflexão me veio quando soube de um curso que trata da História da Beleza sob o ponto de vista da arte. Os historiadores Aline Vieira de Carvalho (mestre em História e doutora em Ambiente e Sociedade pela Unicamp e co-autora do livro “Palmares , ontem e hoje”, editado pela Jorge Zahar) e Luiz Estevam de Oliveira Fernandes (mestre em História pela Unicamp e professor de História) foram os responsáveis pelo debate, num curso que abordou padrões de beleza existentes ao longo dos tempos nas artes, na natureza, no vestuário, no corpo humano.
O mote é politicamente correto:
“a beleza está nos olhos do apreciador e que o belo varia conforme a sociedade e a cultura de cada época”
Gostei porque parte da obra História da Beleza, organizada por Umberto Eco, livro que li há alguns anos e que que acompanha a beleza desde a Antiguidade até a atualidade apontando as diferenças e oposições diversos ícones da beleza.
Indico a leitura e a reflexão do livro de Eco. E na sua próxima incursão a uma galeria ou museu de arte, vale olhar com novos olhos o feio e o bonito nas obras.
Grotesco mesmo é o que pode estar por trás das aparências. ????
P.S. Na foto do destaque, A Primavera, têmpera sobre madeira de Sandro Botticceli (1445-1510), é um exemplo clássico da beleza na arte.